sábado, 29 de maio de 2010

Quis sair para distrair. Fui para o shopping e tinham tantas pessoas. E todas me olhavam como se apontassem e julgassem a menina sozinha e estranha ali no canto. Sorrisos de deboche. Eu me senti diferente. Tantas pessoas, movimento, o vai e vem delas. Porém nenhuma parou para perguntar o que me levou lá. E eu quis te ligar, quis tanto te ligar. O fiz e me arrependi. A minha solidão é minha única particularidade. E é minha e mais de ninguém. Eu sei que você não liga. E ninguém mais. Voltei para casa com tantas lágrimas nos olhos. As pessoas paravam para analizar a menina que chora sozinha no escuro. Por que será que ela chora? Seria o medo da multidão? Seria o ciúme e inveja enloquecidos? Quem liga afinal? Vou te dizer, ninguém liga para meu choro. Eles só sabem julgar e condenar. Ninguém vai parar para enxugar meu rosto. E segui só a caminho de casa. Com uma ilusão deixada para trás e totalmente perdida.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O confronto com a verdade

A minha condição é essa. E assim, está tudo bem se eu disser que não vou mudar? Eu sei que me machuca - corrói por dentro. Mas essa sou eu bem em frente de você. Dizendo que não, jamais conseguirei. Eu não saio dessa, você sabe que não. E por que esse olhar de piedade? Eu não decidi ser assim, não tenha pena do que foi feito para ser. Talvez eu aprenda, talvez eu venha a mudar. Muito improvável. E você que já vê esse meu choro e pensa em virar? Vai me abandonar de novo? E dai que eu sou fraca? Não, não me venha com essa que eu tive todas as chances. Você não pode me abandonar. É, tem que ter paciência. Não, não tem como desistir. É, isso. Vou tentar amanhã e depois, mas você sabe que eu não tenho esperanças. Eu não vou mudar.

Essa é a hora que eu me viro de costas para o espelho e sigo.

E o tempo?

Foi quando a moça do outro lado do balcão perguntou "Quantos anos você tem?" que eu me perdi naquele momento. Eu não lembrava. Não lembrava do que se passou, das minhas fases. Não lembrava de nenhuma festa de aniversário nos últimos tempos. Não lembrava do meu último "Parabéns para você". Será que eu parei no tempo ou o tempo parou para mim? Como se tudo que passou não fizesse mais parte de mim e o que eu vivo agora é o que realmente existisse. E o que eu vivo agora? Que grande vazio é esse que me preenche a cabeça quando eu penso no agora? E nos últimos três meses o que eu tenho feito? Quantas pessoas falam comigo? Quem realmente sabe de como ocupo meu tempo? Nada fazia sentido. Eu havia parado de contar os dias quando eles começaram a passar repetidos. Solidão, solidão. Nenhum sorriso a mostra, nem uma lágrima para se esconder. Era só a solidão fazendo o tempo. Fazendo as horas, os dias. E não me dera conta de nada. Até agora.

domingo, 2 de maio de 2010

Minha intensidade.

Vaculho entre os meus pertences. Penso e nada me vem na mente. Onde eu deixei aquilo que eu era? Perdi na estrada, talvez. Cada pedacinho de mim deixado para trás como uma trilha. E jamais poderei voltar para pegá-los. Porque eu acabei - indeiretamente - decidindo ser assim. Alma no seu estado mais intenso. E só, vago por ai a procura de um pouco de pedaços dos outros. Mas nada acho a não ser a minha intensidade. Vivo, sofro, existo, sinto. Assim vai minha rotina até não-sei-onde.