domingo, 28 de fevereiro de 2010

A princesa e solidão

A princesa que passara tantos dias trancada em seu castelo resolveu sair esta manhã. Mesmo sabendo dos perigos que residiam por fora dessas paredes espessas, ela saiu para respirar o ar matutino. Seus pulmões se encheram com algo que rimava com liberdade. A brisa estava agradável e o verde do quintal reluzia a luz do sol. Era uma manhã bonita. O céu estava em sua totalidade azul e haviam passáros decorando a trilha sonora da menina. Ela sabia que sentiria falta disso quando entrasse no seu castelo de novo. Era protegido lá. E sólidão. Ela e as paredes se encaravam durante o resto do dia. Ela sabia que doeria mais. Sabia que o cinza iria se tornar mais opaco. Sabia que se ela se entregasse a vontade, a dor seria mais forte.

E mais uma vez, se trancou.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Pensamentos antes do sono

Você existe em mim de maneira constante. Mas não como um peso. Nada sólido ocupando espaço e apertando as outras coisas. Você existe como pontos luminosos que se encontram nas mais diversas partes de mim. Você está em todo o lugar, marcando presença. Mas isso não faz de ti algo que me prenda. Eu voô livre com meus vagalumes. Algumas partes são mais aquecidas. Peco em alguns defeitos, mas você está sempre lá. Fazendo de mim uma constelação de energia postiva.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Me sinto tão dispensável sentada nessa cama durante essa tarde chuvosa. Me sinto tão sem motivação, desanimada. Nada para pensar, já que cada direção que meu pensamento vai é um abismo. Não quero mais sonhar, não quero mais esperar. Não quero mais nada, só que o tempo passe. E isso é uma condição muito triste. Eu sou assim. Tão assim. E vira um ciclo. Pensamento que traz cada vez mais profundidade. E dói, dói tanto.


Eu não quero mais ser nada. Eu quero ser algo

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dezessete

Esse dia a anos atrás era dia de animação completa, meu aniversário. O dia em que tudo começou, quando eu ganho presentes e comprimentos. Afinal, era meu dia. Mas hoje.... Hoje eu já comecei o dia desanimada. Afinal, só soprar as velinhas não vai fazer meus sonhos se realizarem. Desejar não é o suficiente. Tão triste essas cicatrizes. Tão triste essa condição. Eu não quero ser triste, eu não quero.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tudo no olhar

"É medo meu amor, é medo essa sensação de frio na barriga que me inquieta a cada detalhe. Essa minha paranóia está mais dentro de mim que por trás de ti. Não me abandona, meu amor. Não me abandona que eu vou te fazer muito feliz, eu juro. Não precisa se esquivar, eu tenho minhas inseguranças, mas vou fazer de tudo para ela não te atingir. Eu te amo, vida. Eu te amo mais do que possa entender." E por dentro ela se debatia, gritava. Por fora só um olhar, só um gesto. Sem palavras ou frases. Era o silêncio querendo dizer tudo outra vez.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A outra parte que sempre falta


O momento em que eu deixo cair todas as barreiras. A hora do meu dia que eu não me coloco entre escudos. Quando o meu sorriso passa a ser real - e não de máscara. É o momento que estou contigo. E me sinto tão leve. Tão livre. O jeito que eu me torno quando estou com você é o estado mais puro de mim. É quando eu me encontro com a parte que me torna inteira. Quando nada mais no mundo faz sentido ou me importa. Quando só um nome é capaz de aparecer na minha mente. É o tempo que eu tenho para ser feliz.
E eu sinto que nasci para isso. Nasci para ti.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Rotina

Estou aqui! Alguém pode me ouvir? Era possível ouvir minha voz se completando num eco. Gritei mais uma vez. Mais duas. Nada. Será que ninguém viu a cena que eu fiz? Ninguém pode compreender os meus atos? Minhas falas tão bem formadas? Ninguém? E grito mais uma vez. A solidão é uma companhia calada, admito. As paredes do meu quarto me encarando. Não há nada. Só uma menina desesperada por atenção. Se ninguém ao menos pode me ouvir como posso ter a audacia de desejar que leiam meus olhos? Ninguém jamais conseguirá os ler. Então os próprios se enchem de lágrima, seria fácil agora, chega a estar berrante. Mas ninguém está quando eu choro. Quando quebro todas as defesas, todas as enganações comigo mesma. Ninguém vê. Só a solidão. Que agora apoia a mão no meu ombro. Não adianta gritar, diria ela se pudesse se expressar, estou aqui. E mais uma tarde se passa. Nada muda. A mesma cena. A mesma platéia. Minha vida toda, assim.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sobre amadurecência

De repente me bate uma falta. O que alguns meses não fazem? Me transformei tanto. Me tornei essa critaura que pensa demais. Sofre demais. Antes era mais fácil ser satisfeita com que eu tinha. E eu não perdi nada. Só exigi mais. E exigir dói. Será como droga, que aumentamos a dose para ter o mesmo efeito? Ou será a magia da inocência? De qualquer forma me bateu uma saudade irracional, uma vontade de voltar. Não faz sentido. O tempo passou e eu não percebi. Quando olhei para trás foi quando me toquei.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre as palavras que não se formam

Me sinto surpresa. O momento em que os pensamentos viram avalanche aqui dentro é aquele que eu não consigo externá-los. Tento um pouco. Forço algumas frases decorada e nada. Como se eles fossem parasitas que não querem me abandonar. Irônico, ao passo que eles vem da solidão. Gritar, correr ou chorar não adianta. Escrever é a única arma que tenho para sentir esvaziar. E não poder escrever é uma espada apontada para o peito.