sábado, 6 de fevereiro de 2010

Rotina

Estou aqui! Alguém pode me ouvir? Era possível ouvir minha voz se completando num eco. Gritei mais uma vez. Mais duas. Nada. Será que ninguém viu a cena que eu fiz? Ninguém pode compreender os meus atos? Minhas falas tão bem formadas? Ninguém? E grito mais uma vez. A solidão é uma companhia calada, admito. As paredes do meu quarto me encarando. Não há nada. Só uma menina desesperada por atenção. Se ninguém ao menos pode me ouvir como posso ter a audacia de desejar que leiam meus olhos? Ninguém jamais conseguirá os ler. Então os próprios se enchem de lágrima, seria fácil agora, chega a estar berrante. Mas ninguém está quando eu choro. Quando quebro todas as defesas, todas as enganações comigo mesma. Ninguém vê. Só a solidão. Que agora apoia a mão no meu ombro. Não adianta gritar, diria ela se pudesse se expressar, estou aqui. E mais uma tarde se passa. Nada muda. A mesma cena. A mesma platéia. Minha vida toda, assim.

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